?No último sábado (30/07), Ortigueira realizou sua I Feira de Sementes Crioulas. A feira contou com a participação de mais de 250 pessoas, entre produtores, estudantes, professores e autoridades. Além da troca de sementes, foram realizadas oficinas, trocas de experiências e palestras sobre programas governamentais de apoio aos produtores. Uma parábola sobre a importância do cultivo de sementes abriu o evento.

A feira foi uma iniciativa do curso de agroecologia do Instituto Federal do Paraná, em parceria com o Governo Municipal, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ortigueira e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

As sementes crioulas são aquelas que não sofreram alteração genética ou transgenia. Na feira foram registrados mais de 95 tipos dessas sementes, que são encontradas na agricultura familiar, passadas de geração pra geração.

O produtor Augusto de Oliveira, agricultor há 35 anos, acredita que o evento foi uma ótima oportunidade para manter viva a tradição das sementes crioulas. “Achei a feira muito importante. Muita gente que perdeu a semente antiga apareceu pra trocar. Quando a gente planta com a nossa semente,  vê a diferença no alimento, a cor, o gosto é muito melhor. Não troco a nossa semente antiga por nenhuma dessas que vêm modificadas, de jeito nenhum”, afirmou.

Segundo o professor João Luis Dremiski, do IFPR, a intenção é valorizar a prática do cultivo das sementes crioulas, aproveitando o potencial do município. “Nós temos a ideia de fazer uma feira dessas todo ano, na época em que o produtor já possa iniciar o plantio logo após o período das geadas. A rotina do produtor muda e ele pode ter um número maior de plantas em sua propriedade, passando de dois ou três tipos de alimentos para até 20 ou 30 tipos. Isso diversifica muito a propriedade”.

O presidente da Casa Familiar Rural de Ortigueira, José do Nascimento Silva, acredita que a feira pode ajudar a conscientizar os produtores sobre a importância de manter constante a troca de sementes. “É importante para que nós, pequenos produtores, possamos trocar nossos produtos sem depender tanto das multinacionais de sementes. Queremos manter sempre essa troca, para voltar ao que era antes e desenvolver o potencial agrícola do nosso município”.

COMERCIALIZAÇÃO

Além da troca de sementes, um dos objetivos da feira foi estimular os agricultores a comercializar a produção para entidades públicas, como prefeituras. Para o gerente operacional da Companhia Nacional de Abastecimento – Conab Paraná, Valmor Bordin, os produtores podem contar com o apoio governamental.

“O agricultor pode produzir e ter a certeza que poderá comercializar também com o governo. Viemos trazer a eles essa conscientização. Os alimentos têm qualidade e podem ser servidos na merenda escolar por exemplo. O governo está aí para amparar não somente com assistência técnica, mas quando o produtor não encontrar mercado, existem instrumentos para que ele possa comercializar seu produto”, afirmou Bordin.

IMPORTÂNCIA PARA O MUNICÍPIO

O potencial agrícola da cidade foi destaque na feira. Para o prefeito, Geraldo Magela, os produtores podem dar um grande passo com a troca das sementes e comercialização dos alimentos.

“Eu vejo nessa feira uma essência grande, a partir do tipo de sementes que queremos conservar. Temos potencial para produzir alimentos livres de agrotóxicos, de contaminação química. São alimentos que podem ir para a merenda escolar. Ou seja, além do produtor levar pra casa uma variedade maior de produtos, também temos a possibilidade de uma alimentação melhor para nossas crianças”, concluiu o prefeito.

*Assista ao vídeo da primeira feira de sementes crioulas de Ortigueira, clique aqui.