Sexta-feira, 20 de abril de 2012
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Pesquisa e Tecnologia
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Espaço será inaugurado em agosto deste ano e irá aproximar tecnologia e mercado com o objetivo de melhorar a qualidade da apicultura no município
Ortigueira é hoje o segundo maior produtor de mel do Brasil, atingindo 510 toneladas no último levantamento anual do IBGE, referente a 2010. Além da quantidade e variedade, o mel produzido no município possui hoje estudos que comprovam sua qualidade.
No segundo semestre, os apicultores do município vão ganhar um Centro de Transferência de Tecnologia Apícola, que irá fortalecer as atividades de pesquisa e promover a inovação na produção. Os apicultores poderão mostrar para os pesquisadores suas necessidades, que poderão ser supridas por meio de estudos.
No Paraná, já existem centros de tecnologia voltados para o agronegócio, dentre os quais a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A previsão é de que o espaço em Ortigueira seja inaugurado durante o IV Seminário de Apicultura do município e o VI Encontro Paranaense de Apicultura, que serão realizados no dia 24 de agosto deste ano.
O lançamento do Centro envolve a Associação dos Produtores de Mel de Ortigueira (Apomel), o Sebrae/PR, o Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), o Consórcio Energético Cruzeiro do Sul (da Usina Hidrelétrica de Mauá) e a Prefeitura de Ortigueira, por meio do Programa APIS, que visa um modelo de apicultura integrada e sustentável. Também conta com o apoio do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR) e da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).
Segundo Fabricio Pires Bianchi, consultor do Sebrae/PR e gestor do Programa de Apicultura de Ortigueira, a construção do centro é mais uma ação voltada para fortalecer a \"nova apicultura\" no município. Para ele, os apicultores já aperfeiçoaram a técnica e estão aptos para a busca de novas possibilidades. \"Acreditamos que as pesquisas laboratoriais poderão melhorar a qualidade e agregar valor ao mel. Os apicultores seguem com a procura por novos mercados e uma visão mais empreendedora de sua produção\", considera Bianchi.
Para o prefeito Geraldo Magela, o Centro será mais uma conquista dos apicultores locais. \"Hoje a apicultura é um grande orgulho para Ortigueira e um exemplo para a gestão de programas rurais no município. Temos a certeza de que os nossos apicultores têm condições de caminhar e garantir a continuidade de suas ações, o que dá sustentabilidade ao programa. E a tecnologia será um complemento importante desse processo\", disse o prefeito.
Ana Mozuski, presidente da Apomel, está otimista com a construção do centro, que vai gerar conhecimento para os 45 apicultores que integram a associação. Hoje a Apomel é responsável por cerca de 90% da produção do mel na região. \"Além da construção de um laboratório para a realização de pesquisas, serão ofertados cursos no local. É mais um sonho que realizamos\", avalia.
Para Henry Rosa, engenheiro agrônomo da Emater, o centro servirá como um modelo para as práticas de manejo de apiário. \"Em razão da localização, os apicultores poderão acompanhar in loco as atividades desenvolvidas e reproduzir as práticas na sua propriedade\", explica.
Indicação Geográfica
O Centro de Transferência de Tecnologia Apícola também deve contribuir para a certificação de Indicação Geográfica - IG, concedida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial - INPI.
Ao registrar uma região como característica de determinado produto, o INPI reconhece a capacidade de produção local de maneira específica e única, concedendo exclusividade à mercadoria. A certificação refletirá no aumento do valor agregado do produto e abrirá novos mercados, melhorando a renda dos produtores.
O processo para obtenção de IG por parte da Associação dos Apicultores teve início em 2010. \"A Indicação Geográfica é mais de um de nossos objetivos e os estudos vão facilitar esse processo, o que resultará na valorização da produção local e na garantia da procedência do mel\", explica o consultor do Sebrae, Fabricio Bianchi.
Reflorestamento e preservação da Mata Atlântica
O Centro de Transferência de Tecnologia Apícola de Ortigueira abrangerá uma região de 2,4 hectares, dos quais 2 serão destinados ao reflorestamento com plantas nativas da Mata Atlântica.
O município guarda uma das maiores reservas remanescentes de Mata Atlântica do Paraná e a florada de plantas nativas como assapeixe, capixingui, gabiroba, pitanga, lixa, gurucaia, aroeira vermelha, canela, entre outras, garantem a variedade e qualidade do mel da região.
Fonte: Fernanda Rodrigues