Segunda-feira, 02 de abril de 2012
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INDICAÇÃO GEOGRÁFICA
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Indicação Geográfica começa ganhar espaço no setor produtivo brasileiro, registrando itens diferenciados e associados a um saber- fazer típico de determinada localidade
(Matéria publica no caderno Folha Rural, da Folha de Londrina, no sábado, dia 31/03/2012)
Prática comum em países europeus, a Indicação Geográfica (IG) começa, aos poucos, a ser adotada no Brasil. Ao registrar uma região como característica na produção de determinado produto ou serviço, o Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi) reconhece a capacidade dessa localidade de produzir de uma maneira específica e única, concedendo exclusividade à mercadoria e, consequentemente, valorização à produção.
\′\′Os produtos oriundos de regiões registradas como IG são diferenciados e estão
associados a uma história, a uma cultura, a um saber-fazer típico e notório e
também a qualidades específicas em virtude de fatores naturais ou humanos\′\′,
explica Beatriz de Assis Junqueira, coordenadora de Incentivo à Indicação
Geográfica de Produtos Agropecuários, da Secretaria de Desenvolvimento
Agropecuário e Cooperativismo do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa).
A Indicação Geográfica, segundo Beatriz, é um ativo de propriedade intelectual,
que, do mesmo modo que as marcas e patentes, registra locais que tenham se
tornado notórios na extração, produção ou fabricação de determinados produtos
ou serviços, ou ainda, cujo meio influencie essencialmente nas características
de tais bens. A IG, acrescenta a representante do Mapa, é uma ferramenta de uso
coletivo e só pode ser solicitada por intermédio de uma entidade
representativa. Além disso, devem ser estabelecidos padrões para os produtos,
normas de produção e controle.
Ao funcionar como ferramenta de diferenciação, qualificação e promoção de
regiões e produtos, a IG consiste em uma tendência na agropecuária,
principalmente diante de um mercado consumidor cada vez mais exigente. \"Essa
valorização tem o potencial de promover o desenvolvimento rural pela agregação
de valor ao produto, geração de trabalho e renda, manutenção do homem no campo,
preservação histórica e cultural da região, preservação do saber-fazer,
proteção do produtor contra fraudes, entre outros\", ressalta Beatriz.
Mel de Ortigueira busca reconhecimento
Produção de mel no município chega a 400 toneladas por ano
Outra cadeia produtiva paranaense que busca o reconhecimento geográfico é o mel de Ortigueira, região Norte do Estado. A Associação dos Produtores de Mel de Ortigueira (Apomel), que reúne 45 apicultores, deu início ao processo para obtenção da Indicação Geográfica (IG) em 2010, mas a iniciativa continua sob análise. A produção de mel no município chega a 400 toneladas por ano.
Segundo Fabrício Pires Bianchi, consultor do Sebrae de Ivaiporã, a estimativa é de que a IG resulte em um aumento de 30% da rentabilidade dos produtores. \′\′O processo está sendo estruturado de acordo com as diretrizes previstas e com a experiência do projeto dos cafés especiais do Norte Pioneiro. São necessários investimentos em modernização e processos\′\′, explica Bianchi. Além da Apomel e do Sebrae, também estão envolvidas no processo a Prefeitura de Ortigueira, o Emater, Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep).
A pesquisadora do Iapar, Maria Brígida dos Santos Scholz, ressalta que a definição das características do produto é etapa essencial para obteção da IG. Brígida esclarece que o mel varia conforme a florada de cada época do ano, utilizada para alimentação das abelhas. \′\′Até agora, pudemos observar que há uma tendência de coloração clara para o mel de Ortigueira. Quanto outras composições, ainda é cedo para afirmar\′\′, revela.
Já Bianchi acrescenta a quantidade de açúcar, a condutividade e o pólen como diferenciais do produto. A estimativa é de que até 2013 existam mais subsídios para descrição do mel. A presidente da Apomel, Ana Mozuski Kutz, lembra que a entidade existe há 28 anos e que agora está estruturando uma cooperativa para suprir as necessidades comerciais. A Apomel aguarda a liberação de recursos para construção de três unidades de extração e uma de beneficiamento, que devem ser concluídas ainda este ano.
Atualmente, a Associação exporta para Alemanha, Estados Unidos, França, Suíça e Inglaterra. Com as ampliações, o grupo terá um SIF próprio que permitirá ampliar o número de mercados consumidores, com base na rastreabilidade do produto. \′\′Hoje exportamos pelo entreposto, mas, com a nossa própria unidade, o lucro virá direto para os produtores. Além disso, teremos mais opção de exportação, com a possibilidade de comercializar produtos fracionados\′\′, avalia Ana.(M.F.)
Fonte: Fernanda Rodrigues