Segunda-feira, 11 de março de 2013
Última Modificação: // | Visualizada 2436 vezes
\"NOSSA LUTA É PELO SUSTENTO\"
Ouvir matéria
Na última sexta-feira (08), dia Internacional da Mulher, o grupo do Projeto Mulheres em Movimento, do assentamento Libertação Camponesa (RR), realizou um evento em comemoração ao Dia Internacional da Mulher. Mais de 150 pessoas compareceram ao evento (dentre as quais 111 eram mulheres), que aconteceu no Colégio Estadual Izaias Rafael da Silva.
Estiveram presentes a presidente da Associação Regional de Mulheres Camponesas - ARMUCA, Zerilda Alves Dutra; a professora Luciana Maestro Borges do IFPR, coordenadora do Programa Mulheres Mil e do Projeto Mulheres em Movimento; o professor Roberto Martins de Souza - do IFPR, coordenador do Fórum de Recursos Naturais - PROENS; a representante da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Paraná FETAEP, Vera Lucia Lemes Gomes; o representante do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ortigueira, Zenilto Ortiz; o diretor do Colégio, professor Nilson Terna; a Secretária Municipal de Educação, Elizete Campos; e a representante do MST, Maria Izabel Grein, da coordenação nacional do movimento.
O encontro contou com homenagens às mulheres, feitas pelos alunos das escolas locais. Também foram realizadas palestras. Uma delas sobre a luta da mulher camponesa, ministrada por Maria Izabel Grein, e outra sobre saúde da mulher, ministrada pela Secretária Municipal de Saúde, Ana Maria Gerei. A banda municipal teve participação especial com o Hino Nacional, Hino de Ortigueira e outras músicas.
Para a presidente da Armuca, a comemoração foi mais que um evento. \"Pela primeira vez reunimos as mulheres em movimento com a comunidade, não só para celebrar, mas para nos perguntar qual é o nosso espaço na sociedade, qual é o nosso espaço como mulher, como mãe, como dona de casa, como comunidade, como liderança, e como política. Pensar em nós como mulheres deve ser todo dia, todo momento, não só em 8 de março. Refletir a luta por educação e saúde melhores, por dias melhores para a nossa comunidade, uma luta constante por qualidade de vida, que nós mulheres camponesas merecemos\", disse Zerilda Alves.
A coordenadora do projeto, professora Luciana Maestro Borges, lembrou o caminho das mulheres da localidade, que após participarem do projeto Mulheres em Movimento e do Programa Mulheres Mil, do Governo Federal, caminham para a formalização da Associação. \"Estamos colhendo os frutos desse trabalho. O caminho foi longo, mas as mulheres estão caminhando sozinhas. Parabenizo a todas as mulheres e homens da comunidade, que acreditaram na proposta de trabalho de valorização da mulher camponesa\".
Para Maria Izabel Grein, da coordenação nacional do MST, o projeto na libertação camponesa fez com que as mulheres pudessem se olhar. \"As mulheres se reconhecem como companheiras no mesmo assentamento, na luta pela sobrevivência na terra. Elas perceberam que os problemas pessoais, os problemas que elas têm em casa e na comunidade, são semelhantes. São questões que só se resolvem na coletividade e elas se uniram para se ajudar. As mulheres vão descobrindo que juntas são realmente fortes\", considerou.
SOBRE AS MULHERES EM MOVIMENTO: O grupo de mulheres do assentamento Libertação Camponesa surgiu com o apoio do Instituto Federal do Paraná - IFPR. A iniciativa do projeto de extensão teve como objetivo resgatar a auto estima da mulher camponesa e fazer com que ela se enxergasse como membro importante em sua propriedade e na sociedade. O projeto atendeu cerca de 60 mulheres em sua primeira fase, que hoje buscam juntas a melhoria da qualidade de vida. Participaram de capacitações, cursos de culinária, aulas de informática, entre outras atividades e foram matriculadas como alunas do Instituto, com o apoio do Programa Mulheres Mil, do Governo Federal. Em suas casas, passaram a participar mais e a assumir o controle familiar junto aos maridos, inclusive o controle financeiro, procurando novas alternativas para a geração de renda na propriedade, como a produção e venda de alimentos para a merenda escolar. A visão do empreendedorismo e da coletividade foi implantada e hoje as mulheres do projeto buscam formalizar a ARMUCA - Associação Regional das Mulheres Camponesas, para depois, formarem uma cooperativa.
Fonte: Fernanda Rodrigues